
José Augusto de Castro, presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB) conversou com a Intercâmbio a respeito da crise econômica na Argentina. A agência de classificação de risco S&P reduziu recentemente a nota da dívida argentina de “B”+ para “B”, por conta da crise econômica e das dificuldades de aplicação do plano de ajuste orçamentário defendido pelo governo local.
A Argentina era responsável pela compra de 95% dos produtos manufaturados brasileiros. Mas no ano passado, seu déficit comercial foi de US$ 8 bilhões. Com isso, os Estados Unidos voltaram a ser o principal mercado para itens industrializados.
Soja ganhou força
Castro lembra que a queda de 17 milhões de toneladas na safra argentina de soja foi determinante para a mudança de rumo do país vizinho, o que beneficiou o Brasil.
“As exportações brasileiras para o país vizinho sofreram algumas baixas, como produtos laminados e polímeros, que caíram 10% e 15%, respectivamente. Mas no extremo oposto, a soja registrou alta de 307%”, explica.
“Nunca o Brasil exportou tanta soja. A quantidade que o país exportou e continua exportando em 2018 era inimaginável para qualquer analista no fim do ano passado. Então, o setor, sob todos os aspectos, só tem a comemorar”
José Augusto de Castro, presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB)
Mercosul tem papel importante
O presidente da AEB destaca a mudança drástica no cenário de exportações para a Argentina, aliado à guerra comercial travada entre China e Estados Unidos, requer atenção do Brasil, além da adoção de uma estratégia voltada ao fortalecimento do comércio entre os países sul-americanos.
“Eu acho que, nesse momento, o Brasil deve focar em unir esforços com outros países do bloco para evitar uma possível desintegração, pois qualquer um dos países pode ficar vulnerável a novas crises no futuro”, finaliza o especialista.