Conjunto de técnicas que favorece a empatia no contato interpessoal pode garantir maior autenticidade e entrosamento no ambiente profissional
“Somos naturalmente violentos, mas potencialmente não violentos.” A frase, de autoria desconhecida, poderia até ser atribuída a Thomas Hobbes, filósofo e teórico inglês que viveu no século XVII.
Suas obras apresentaram um ponto de vista que considera o ser humano como essencialmente predisposto a agir de forma instintiva e violenta quando afastado do convívio social.
Uma das grandes vantagens da humanidade em relação aos animais reside na autoconsciência e no seu uso para avaliar os resultados das ações tomadas e para a criação de novos hábitos.
A Comunicação não violenta (CNV) sugere que toda pessoa pode ajustar sua “natureza violenta” ao exercitar o olhar crítico sobre si mesma e adotar comportamentos mais empáticos, que impulsionam respostas mais positivas nos relacionamentos.
Uma perspectiva mais empática
Entre as técnicas de CNV que podem melhorar a qualidade das relações encontram-se a escuta ativa, a clareza na comunicação, a identificação dos gatilhos geradores de conflito, o entendimento das necessidades de cada parte envolvida na interação e a busca por soluções que possam supri-las.
Além das técnicas citadas acima, somam-se exercícios que têm o objetivo de estimular gratidão, reconhecimento e, principalmente aceitar e desmistificar a vulnerabilidade presente em cada indivíduo.
Para os iniciantes no assunto, uma leitura interessante é o livro de autoria do psicólogo americano e criador do método CNV, Marshall B. Rosenberg: “Comunicação Não Violenta – Técnicas para aprimorar relacionamentos pessoais e profissionais”.
A internet também está repleta de vídeos, cursos on-line e grupos de discussão, onde é possível encontrar práticas para aperfeiçoamento das técnicas.
Mais autenticidade no ambiente de trabalho
Muitas vezes, os conflitos existentes entre as pessoas não são causados pela divergência de ideias, e sim pela forma agressiva com que pensamentos e opiniões podem ser expressos. Em uma empresa, profissionais conscientes dessa diferença podem fluir pelas situações com mais facilidade.
“É possível incorporar empatia e autenticidade no dia a dia do trabalho. Cabe aos gestores a avaliação de como a cultura organizacional acolhe esses temas”, revela André Freitas, mastercoach e sócio da consultoria UM%.
“Se, no papel, uma empresa prega que estimula a inovação, mas na prática seus líderes são os primeiros a apontar os erros e fracassos durante algum processo de mudança, dificilmente as pessoas serão autênticas, pois terão medo do julgamento”, completa Freitas.
Para o especialista, um dos papéis do líder, na atualidade, é ser um exemplo de evolução contínua e não de perfeição. A ideia é que a consciência do gestor inspire sua equipe, gerando um ambiente de segurança e confiança, onde todos se sintam acolhidos e apoiados.
Antídoto para a agressividade
Nas situações com níveis de agressividade mais elevados também é possível fazer uso dos conceitos e práticas da CNV. Por meio deles, amplia-se a capacidade de avaliação da situação do agressor, dos sentimentos e necessidades não atendidas por trás do comportamento reativo.
“No cerne de toda a raiva há uma necessidade que não está sendo satisfeita”
Marshall B. Rosenberg, criador do método CNV
A dinâmica da CNV desconstrói o discurso agressivo, no qual as pessoas atuam baseadas em estratégias para vencer e convencer. Quando se entende o que falta ao outro, e vice versa, é possível chegar a um denominador comum, que resolva o conflito numa dinâmica “ganha-ganha”.
“Entender que há boas intenções por trás de qualquer comportamento pode ser libertador. Quando o agressor se sente acolhido e compreendido, o processo muda de polaridade”, finaliza Freitas.