A oferta de informações e de tecnologia nunca foi tão grande. Como reconhecer as prioridades e “dar conta” de tudo?
É inegável o fato de que, nas últimas décadas, a tecnologia facilitou de forma considerável o acesso à informação. Paradoxalmente, aumenta também a quantidade de atividades nas quais as pessoas se engajam. Como cada dia continua durando apenas 24 horas, é natural que o número de pendências também se eleve, gerando frustração.
Partindo dessa ideia, fica mais fácil detectar que o maior desafio reside no modo como se escolhe enxergar toda essa facilidade: as pessoas não se tornaram incapazes de resolver problemas, apenas estão operando acima de sua capacidade de entrega.
Pedro Cordier, criador da metodologia de Metainteligência Emocional e especialista em psicologia positiva e hipnoterapia, destaca que um possível caminho para a eliminação desse desconforto pode estar na utilização do propósito pessoal como base das escolhas do dia a dia.

“Ao identificar excesso de tarefas ou problemas, todos podem lançar mão dessa ‘bússola interior’ para fazer melhores escolhas, por meio de perguntas como: eu realmente preciso resolver esse problema ou ele é apenas uma distração? Dar atenção a essa questão vai me aproximar ou me distanciar do meu propósito?”, indica Cordier.
O que é um propósito?
Ao saber que a disponibilidade de informação proporcionada pela tecnologia não deve ser encarada como um problema, eleva-se a importância da definição do propósito pessoal, ferramenta capaz de separar o que é realmente importante daquilo que é dispensável.
“Propósito é diferente de objetivo. Enquanto o primeiro gera realização pessoal e impacto positivo nas outras pessoas por meio da utilização de nossos talentos, o segundo propicia apenas um benefício pessoal momentâneo”, releva Cordier.
Crise de propósito
Há uma crise de propósito acontecendo e isso fica evidente quando se nota o aumento nos casos de pessoas com transtornos de ansiedade e depressão, segundo Cordier. Para o especialista, a causa geradora desses problemas estaria no excesso de foco em questões do futuro ou do passado, respectivamente.
O ato de conectar-se consigo mesmo é o caminho para a identificação do próprio propósito. A consciência desse importante conceito não é útil apenas para a interrupção do comportamento de quem age no “modo automático” e acaba empregando seu tempo de forma equivocada. Indivíduos mais conscientes de si mesmos se tornam mais felizes e cientes do que estão construindo, no momento presente.
O exercício do mindfullness e da escuta ativa podem apresentar-se como valiosos aliados na descoberta do que faz sentido na vida de cada um, dentro ou fora dos domínios da tecnologia. “O propósito deve guiar nossos passos em qualquer área da vida. É individual e intransferível. O que você identifica como importante pode ser completamente diferente para outra pessoa. E está tudo bem, para ambos. É natural também que esse sinalizador mude ao longo da vida, de acordo com as prioridades, vivências e novas experiências”, finaliza o especialista.