O cenário causado pela pandemia de COVID-19, que atingiu o Brasil em março, provocou mudanças em diversos aspectos da sociedade e, no caso da economia, isso não foi diferente. O fechamento de shoppings e de estabelecimentos, assim como o menor fluxo de pessoas nas ruas, provocou reduções nas vendas de muitos segmentos de varejo. Por outro lado, vendas em delivery, por exemplo, crescem conforme a necessidade das pessoas em isolamento.
Para Mark William Ormenese Monteiro, empresário e presidente da Associação Comercial Empresarial, de Jundiaí, não se trata de uma condição temporária e sim de uma mudança na forma como os negócios são vistos e conduzidos. “A restrição física imposta pela Covid 19 vem provocando profundas mudanças no comportamento de consumo e no relacionamento entre empresas e consumidores. Com o fim da pandemia, os negócios não serão mais os mesmos. A relação do comerciante com o consumidor não será mais a mesma”, afirma.
Monteiro analisa que o cenário se divide entre os empresários que aguardam autorização para retomar seus negócios e aqueles que aproveitam a situação para pensar novas possibilidades. “Em Jundiaí, uma empresa que trabalha com produtos de limpeza residencial e industrial registrou um aumento de 250% nos pedidos, só no mês de fevereiro. A mesma contratou duas pessoas e já estuda contratar uma terceira. Para o próximo trimestre, espera um crescimento em torno 25% ao mês”.
Soluções digitais
A ruptura com os padrões tradicionais de venda permite dizer que praticamente todos os segmentos de varejo foram afetados, mas Monteiro aponta que os resultados mais intensos foram observados em negócios com menores habilidades digitais. “Os desafios digitais que tínhamos pretensão de cumprir nos próximos cinco anos estão sendo cumpridos em 30 dias”, destaca.
Para o empresário, as ferramentas digitais vão muito além das já conhecidas entregas de via aplicativos. “Há empresários inovando, vendendo roupas e calçados pela internet e fazendo a entrega por delivery. Dependendo do setor, a lucratividade não é a mesma da venda na loja física, mas já é uma alternativa para o empresário garantir a entrada de receita”, explica Monteiro, que ressalta também a necessidade de que as medidas de combate ao COVID-19 sejam respeitadas para garantir o bem estar dos trabalhadores. “Quem trabalha com delivery também deve cumprir as regras sanitárias e garantir aos entregares máscaras e álcool em gel para a higienização das mãos”.
Pequenos empreendedores
Manter um negócio em funcionamento com baixas nas vendas e operações reduzidas pode ser ainda mais desafiador para pequenos empreendedores ou estabelecimentos recentes no mercado. O baixo capital pode parecer um entrave à mudança na forma de realizar suas atividades, mas não necessariamente é um impedimento. “Às vezes, uma atitude diferenciada, uma campanha diferente nas redes sociais ou a forma nova de se relacionar com o cliente já faz toda a diferença. Por exemplo: ele pode vender seus produtos pelo WhatsApp e fazer a entrega via delivery”, explica Mark.
“O pequeno empreendedor precisa pensar na dor de seus clientes e em como ele pode ajudá-los. Outro exemplo: os bufês estão fechados, mas as pessoas continuam fazendo aniversário. Há empreendedores que inovaram e montaram kits personalizados e intimistas para estas comemorações em casa. Isto é inovar”, destaca.
Nesse momento, a palavra da vez é inovação. Entender o que os clientes procuram e buscar formas de atendê-lo deve ser o foco dos objetivos de negócios, assim como encontrar uma maneira adequada e produtiva de colocar isso em prática. Para que isso dê certo, a dica é utilizar todos os recursos disponíveis a seu favor e saber agir conforme as possibilidades da situação.