Setor deve seguir retomada de crescimento observada no primeiro semestre, porém, com mais equilíbrio entre os segmentos
Depois da recuperação de alguns setores varejistas durante o primeiro semestre deste ano, os próximos seis meses são vistos com olhares otimistas por especialistas da área econômica. A flexibilização do horário de funcionamento do comércio e as demandas reprimidas estão entre os aspectos que permitem boas perspectivas para o semestre.
De acordo com o assessor econômico da Federação do Comércio do Estado de São Paulo (Fecomercio-SP), Altamiro Carvalho, ainda é cedo estimar as taxas de crescimento, mas o que vem sendo observado já respalda a visão positiva para o varejo.
Crescimento
Dados da Pesquisa Conjuntural do Comercio Varejista (PCCV) no Estado, realizada periodicamente pela Federação, mostram que nos primeiros seis meses do ano houve uma alta de 32% nas vendas do setor de materiais para construção em relação ao mesmo período do ano passado. O segmento de veículos vendeu 31% a mais.
Observou-se, ainda, uma retomada no semestre passado no setor de tecidos, vestuário e calçados, com alta 27% na comparação com o primeiro semestre de 2020.
“Levando em consideração que estes segmentos registraram quedas de 21% no início da pandemia, este crescimento significa muito!”, enfatiza Carvalho.
Projeções
O assessor econômico aponta a previsão de consolidação da retomada até o fim do ano, com potencial para a recuperação, também, nos setores de móveis, decoração e eletroeletrônicos, que não vinham demonstrando expressividade.
Já o setor de materiais de construção – que no ano passado foi alavancado pela necessidade de adequar as casas para acomodar melhor as famílias durante o isolamento – e o de supermercados – que também vinha com alto crescimento, em resposta ao auxílio emergencial e ao maior número de refeições nas residências –, “tendem a uma desaceleração, embora sigam crescendo”, pontua Carvalho.
Aspectos favoráveis
Os fatores que influenciarão positivamente neste semestre envolvem a permissão aos estabelecimentos para funcionamento em horário estendido e a demanda reprimida dos consumidores que não vinham efetuando comprar por receios.
“Há melhores condições para aumento de investimentos no varejo”, diz Carvalho, que menciona a escolha por consumir bens enquanto ainda não é possível viajar como um ângulo a ser considerado nesta avaliação.
A perspectiva de que o Produto Interno Bruto (PIB) cresça até 5,5% em relação a 2020 também reforça o otimismo. “É substancial para o contexto, o que faz com que projetos de investimentos sejam desengavetados pelas famílias e empresas”, frisa o assessor econômico da FecomercioSP.
Cautela
Por outro lado, tudo depende do cenário macro, mês a mês, cujos reflexos são diretos na confiança do consumidor. De acordo com o Índice de Confiança do Consumidor (ICC) da Fundação Getúlio Vargas (FGV) e do Instituto Brasileiro de Economia (IBRE), constata-se uma contínua recuperação, pelo quarto mês consecutivo.
“Há uma melhora das perspectivas futuras, mas o índice que mede a situação atual continua rodando em torno dos 70 pontos, mostrando que apesar do otimismo, os consumidores vêm tendo dificuldade de recuperação financeira”, afirma Viviane Seda Bittencourt, Coordenadora das Sondagens.
Segundo o ICC da FGV/IBRE, o cenário dos próximos meses vai depender do avanço da vacinação e do controle das novas cepas do coronavírus para que a confiança se mantenha entre os consumidores.