Em meio à crise global provocada pela pandemia, soluções digitais se mostraram indispensáveis e propósitos que prezam pela sustentabilidade, um quesito crucial
Durante o segundo ano de enfrentamento à pandemia de Covid-19, as empresas brasileiras precisaram se reorganizar para o que passou a ser chamado de “novo normal”.
A aceleração de processos que já tinham sido iniciados no universo dos negócios predominou e, dentre eles, dois aspectos se destacam: a digitalização de processos com integração entre soluções físicas e on-line e a necessidade de posicionamento das marcas, focado em responsabilidade socioambiental.
“Podemos dizer que 2020 foi um ano de experimentação e, 2021, um ano de definições”. Assim a consultora do Sebrae-SP, Daniela Marques de Oliveira Abdala, resume sua visão. Ela argumenta que as empresas melhor estruturadas tiveram a oportunidade de rever e reposicionar seus negócios, apesar das adversidades da crise.

Foco na tecnologia
O setor varejista voltou suas atenções a tendências que se mostraram altamente estratégicas em 2021. De acordo com Daniela, exemplo disso é a utilização de Data Driven e de Last Mile.
O recurso Data Driven é aquele em que há a coleta e a análise de dados de forma a subsidiar condutas que resultarão em eficiência e competitividade. Já o Last Mile é a tecnologia aplicada para rastreabilidade, segurança e rapidez na área de logística, que passa a ser um diferencial relevante.
O físico, o digital e o consumidor
Os recursos tecnológicos também foram aliados para agregar à experiência oferecida ao consumidor ao longo de 2021. Nesse contexto estão os formatos híbridos entre o físico e o digital para atendimento e interação, tema que foi pauta do nosso podcast deste mês.
Com alguns diferenciais e nomenclaturas, podemos citar o Omnichannel, Online to Offline (O2O) e Phigital. “A loja física passa a ser um local de experimentação e convivência com o cliente, indo muito além de ponto de venda”, sinaliza Daniela.
Ela pontua que um dos principais tópicos é o relacionamento, a escuta ativa e o atendimento humanizado, ou seja, trata-se de atender, também, uma demanda emocional do consumidor, não apenas de praticidade.
Propósito e posicionamento
Se já era crescente a busca dos consumidores por escolhas condizentes com seus valores pessoais e condutas de vida, depois da pandemia isso se tornou um fator de ainda mais peso para as marcas, uma vez que os impactos da Covid-19 provocaram reflexões que interferem nos criteriosos de consumo.
“O cliente procura por razões para consumir além do produto: marcas com propósitos”, enfatiza a consultora do Sebrae-SP. Sob esta perspectiva, a diversidade e a Inclusão estão intrinsecamente ligadas à expectativa por mudanças e exige que as empresas ampliem o mindset: mais do que atender aos anseios da sociedade, ter um ambiente inclusivo e que valorize a diversidade é peça-chave para maior engajamento entre as equipes e produtividade.
Sustentabilidade na prática
Ainda no que tange a propósito, as empresas precisam se posicionar quanto às suas práticas de forma coerente, seja sobre seus processos e os impactos ambientais, seja quanto a aspectos sociais. Não por acaso o conceito de Environmental, Social and Governance (ESG) passou a ser incorporado à estratégia dos negócios.
Em artigo recente publicado no jornal Folha de S. Paulo, o presidente do Instituto Akatu, Helio Mattar, comentou sobre os negócios em consonância com conceitos de sustentabilidade, os anseios do consumidor consciente, bem como para a construção de um novo modelo econômico.
“Houve uma mudança de intensidade no esforço das grandes empresas na direção da sustentabilidade, buscando formas de colaborar com o combate às alterações climáticas, o atendimento a direitos humanos e a melhoria das condições de educação e saúde”, destacou Mattar.