É preciso pensar, agir e gerir no modo “Digital”

As startups são rapidamente associadas à imagem de negócios de essência digital. De fato, são, uma vez que a tecnologia é a base para planejamento, gestão, tomadas de decisão e desenvolvimento, alicerçando a escalabilidade característica desse modelo. É justamente nesse contexto que está o principal ensinamento às empresas hoje consideradas tradicionais.

As corporações convencionais precisam se dispor a uma profunda transformação – uma parcela importante dos negócios já consolidados no mercado brasileiro ainda tem uma visão distorcida sobre o que é necessário frente às rápidas movimentações do mercado global.

Mudança cultural

A tecnologia é adotada por essas corporações, porém, sem mudanças estruturais necessárias para seu pleno aproveitamento. Exemplo disso é o resultado de uma pesquisa realizada, em 2020, pelo Instituto da Transformação Digital (ITD) com 5.500 empresas do Brasil.

Presidente do ITD e especialista em construção de ecossistemas de negócios, Paulo Kendzerski conta que o estudo apontou que 99% das corporações declararam já utilizarem o WhatsApp como ferramenta de comunicação com clientes. “Porém, apenas 4% delas atendiam em até quatro horas e, 50%, nunca respondiam às mensagens recebidas.”

Kendzerski argumenta que esse resultado evidencia a ausência de uma mentalidade digital. “Não é apenas sobre utilizar ferramentas digitais”, diz o especialista, enfatizando a importância de se avaliar como e com que mentalidade e cultura os recursos tecnológicos estão sendo utilizados.

Conquistando maturidade digital

Ou seja, as instituições devem se ater para não confundirem digitalização de processos com transformação digital.

“Uma das principais redes do varejo da atualidade, que têm sido case de sucesso, possui 62 ferramentas por trás de seu site. Mas qual a engrenagem humana necessária para a eficiência dessa tecnologia?”, comenta Kendzerski.

De acordo com o especialista, essa transformação requer disponibilidade para um novo pensamento sobre as condutas, o que permitirá mudanças de forma integrada, disseminando a mentalidade digital nas equipes, do CEO ao estagiário, envolvendo todo o “ecossistema” que é uma empresa.

Horizontalidade para organogramas funcionais

Na opinião do consultor de negócios do Sebrae-SP, Ricardo Martins, o senso de pertencimento e colaboração é fundamental neste cenário. “Os processos são criados para geração de ideias, liderança de ações e projetos sustentados pelo empoderamento e compartilhamento das decisões.”

Ele comenta sobre a disseminação do encantamento em relação ao negócio entre os colaboradores, “misturando, na cultura, a vontade de conquistar mercado e crescer.

Na visão de Kendzerski, com a transformação digital, os conhecidos organogramas verticais dão lugar à horizontalidade, o que os tornam muito mais funcionais e impacta diretamente no aspecto cultural.

Conceito customer centricity é intrínseco à mentalidade digital

Outro ponto conceitual enfatizado por Kendzerski e por Martins é o foco no cliente. Os especialistas mencionam que essa visão trazida pelo conceito conhecido como customer centricity.

Segundo Martins, ao centralizar o consumidor para as decisões e condutas, as empresas identificam o que é valor para o seu cliente e passam a atuar para gerar a melhor experiência ao usuário, de acordo com suas necessidades.

Esse argumento vai de encontro a outro exemplo trazido por Kendzerski a partir de suas observações de mercado. “Uma grande fabricante de veículos criou um plano de assinatura para locação de carros”, afirma o especialista, alertando que a empresa, ao se permitir transformar, passou a atender à demanda que evidenciou quais eram as novas necessidades do consumidor.

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