Além do investimento em tecnologia, compartilhamento de dados entre indústria e varejo é um dos aspectos que demandam quebra de paradigmas
As frequentes atualizações de recursos tecnológicos e a necessidade de automação dos processos são fatores cruciais para o setor de Logística das empresas, tanto para atender o perfil de consumo atual, quanto para garantir a sustentabilidade financeira e a manutenção dos negócios.
As diversas ferramentas tecnológicas são indispensáveis e precisam ser utilizadas de forma a automatizar processos, encurtar distâncias e aproximar fornecedores e clientes.

Tecnologias emergentes
Sobre o que está por vir, o membro do conselho consultivo da Associação Brasileira de Logística (Abralog), Roberto Lyra, destaca que duas tecnologias que, atualmente, são consideradas emergentes, têm grande potencial de alavancar a eficiência na logística.
“Dentre elas, os chamados gêmeos digitais ou digital twins. Explicando brevemente, refere-se à reprodução digitalmente, por exemplo, de operações de um centro de distribuição (CD)”, diz Lyra. Ele argumenta que, utilizando recursos de realidade aumentada/realidade virtual, é possível otimizar a operação do CD, “considerando o funcionamento simultâneo de veículos autônomos, sistemas de coleta (picking) e manuseio de materiais, drones entre outros recursos tecnológicos.”
O segundo recurso emergente mencionado pelo especialista é o blockchain, utilizado para rastreamento da origem dos produtos ao longo da cadeia logística. A ferramenta resolve o problema que surge quando um produto final passa por diversos parceiros da cadeia logística desde a matéria-prima, produção até o consumidor.

5G deve aumentar transparência, visibilidade e eficiência
A chegada do padrão de comunicação 5G promete trazer inovação em diferentes aspectos. Na opinião de Lyra, um desses benefícios será é quanto à agilidade na disseminação de sensores tornando a internet of things em internet of everything, ou seja, tudo estará conectado.
“O 5G vai aumentar a transparência, visibilidade e eficiências nos inúmeros processos que conectam todos os integrantes da cadeia de abastecimento”, enfatiza o membro do conselho consultivo da Abralog.
Tendências estão relacionadas à estratégia
De acordo com o coordenador interino do curso Tecnologia em Logística Centro Universitário Senac – unidade Santo Amaro –, Lupércio Aparecido Rizzo, podemos considerar que, com tanta tecnologia disponível, a competitividade das empresas em relação à sua logística está no campo da estratégia de utilização dos recursos.
“As ferramentas de Big Data, que permitem análise e interpretação de uma grande quantidade de dados, são um exemplo disso”, diz. Com esse recurso, além de gestão da rotina de entregas, é possível prever o comportamento de usuários e padrões de consumo que pautarão as demandas do vareja à indústria.
De acordo com Lyra, é imprescindível a disciplina na execução do planejamento estratégico logístico, que está baseado no planejamento estratégico corporativo.
Lideranças atualizadas são peça-chave
Rizzo e Lyra pontuam que, muitas vezes, são dedicadas horas para planejar estratégias complexas que, confrontadas com a realidade de um mundo extremamente dinâmico, acabam por não se realizar. Nesse cenário, as lideranças são peça fundamental.

“Cabe à liderança desmembrar a estratégia e garantir a sua execução, com atenção ao ambiente econômico, político e social, de modo a rever o planejamento e adaptá-lo a um novo contexto”, sinaliza.
Para Lyra, essa postura dos gestores está relacionada ao pensamento ágil e à cultura organizacional, aspectos intrinsecamente ligados ao fator humano, cujos impactos podem ser determinantes para o sucesso do negócio.