Mudanças impostas pela crise sanitária evidenciaram sobrecarga e desvantagens das vivências femininas; gerente financeiro da ASA, associada CISP, compartilhou sua visão

A mobilização das mulheres por equidade no mercado de trabalho vem de séculos, passando por diferentes fases da Revolução Industrial, quando a igualdade de cargos e salários já era debatida. Após as conquistas nas últimas décadas, se ainda havia diversos desafios para elas, isso se intensificou com a pandemia de Covid-19.

Dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), apontam que a taxa de participação feminina na força de trabalho caiu, passando de 54,3% no 4º trimestre de 2019 para 49,7% no mesmo período de 2020. Já no 4º trimestre do ano passado houve uma retomada, mas, ainda assim, a taxa (53,1%) é inferior à que já havia sido alcançada antes da pandemia.

Segundo levantamento realizado pela Sempreviva Organização Feminista (SOF), a partir de 2.641 respostas, 41% das mulheres que permaneceram no mercado afirmaram que o trabalho aumentou durante a quarentena.

Excesso de trabalho não remunerado é agravante

O cenário pandêmico não apenas desnudou, mas aprofundou impactos da dinâmica múltipla quase exclusiva das mulheres, na qual trabalho e capacitação profissional dividem espaço com o cuidado com crianças, idosos e membros familiares acometidos pelo coronavírus, além dos inúmeros serviços demandados na administração do lar e educação dos filhos.

Ainda segundo números da pesquisa da SOF, 50% das mulheres entrevistadas passaram a cuidar de alguém na pandemia e, dentre as que já cuidavam de pessoas, 72% apontaram aumento da necessidade de atenção nesses cuidados.

Quando delegar também requer trabalho

Gerente financeiro da ASA, associada CISP, Vera Lúcia Raymundo, 50 anos, tem se dedicado aos estudos sobre Transformação Digital e Environmental, Social and Corporate Governance (ESG). Ela comenta que, independentemente dos contextos de vida pessoais, as mulheres, em um grande esforço para reverter esse quadro de desigualdade de trabalho e responsabilidades, buscam delegar mais, ainda que em um cenário no qual a expectativa é de que tudo seja feito pela mulher.

Na opinião de Vera, para isso, é preciso articulação das mulheres, o que requer mais da saúde mental, no sentido de preparo emocional para a comunicação e relacionamento com diferentes agentes. “Acredito que esses acordos para delegar exigem de muita energia.”

“Quebrar paradigmas demanda esforço, perseverança e amor-próprio”

Contadora com especialização em Administração e MBA em Finanças Corporativas, Vera tem uma carreira desenvolvida na área de infraestrutura. A chegada à ASA, em 2015, foi motivo de grande realização, pela relevância da empresa no segmento de produtos de limpeza com marcas muito fortes no Nordeste e Norte e, também, pela oportunidade de contribuir na busca por soluções para desafios de crescimento e estratégicos.

Vera não é mãe, escolheu morar sozinha e, nas horas de lazer, dedica-se a atividades que a proporcionem bem-estar, como andar de bicicleta, ler e assistir filmes. “A sociedade ainda julga a mulher que decidiu não ser mãe. Quebrar paradigmas demanda esforço, perseverança e amor-próprio”, comenta a gerente financeiro.

Diversidade faz parte da inovação

Com a melhora da pandemia, a motivação feminina retoma a velocidade de suas conquistas no mercado de trabalho nos últimos anos, para que a equidade se torne parte da cultura das empresas e da sociedade.

Vera ressalta que se trata de um movimento que faz parte da inovação nas empresas, fatos que está totalmente atrelado à inclusão e visão humanitária. “A diversidade traz criatividade e inovação, pois são colocados diferentes pontos de vista, evidenciando a experiência e perspectiva de cada um. Isso é extremamente rico e positivo”, diz a gerente financeiro.

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