Mais do que rever práticas, as corporações precisam revisitar culturas, propósitos e seus papéis em um mundo em constantes transformações
Em meio a várias pautas emergentes, o termo ESG se tornou muito frequente no ambiente corporativo. Isso porque as condutas compreendidas pelo conceito são de grande importância para a sobrevivência e saúde dos negócios em meio à necessidade de inovações constantes, impulsionadas pelo mundo globalizado.
Nesse sentido, falar de ESG é falar de gestão estratégica alicerçada em valores, com reflexos diretos no posicionamento e na reputação das marcas, seja qual for o segmento de mercado.
Mas, vamos por partes: afinal, o que define o conceito de ESG?
Contextualizando o ESG
A sigla é a abreviação de Environmental, Social and Corporate Governance, ou seja, Governança Ambiental, Social e Corporativa, traduzindo para o português. Embora tenha ganhado espaço mais recentemente, o conceito surgiu em meados da década de 1980.
“É um movimento contínuo da pauta de sustentabilidade corporativa”, comenta Tatiana Pezutto, profissional especializada em planejamento e gestão de programas de responsabilidade social para médias e grandes empresas.

Mercado financeiro disseminou o termo e sua relevância
De acordo com a mestra em Gestão para Sustentabilidade Giuliana Preziosi, sócia de uma consultoria especializada em projetos sociais por meio da inovação, o conceito surgiu no setor financeiro, a partir da valorização cada vez maior das políticas e boas práticas nos negócios.
Giuliana pontua que “o mercado percebeu que investir em empesas que têm esse olhar representa maior chance de retorno de investimentos”, referindo-se a um contexto que ultrapassa o fator econômico e o aspecto ambiental.
O argumento de Tatiana vai na mesma direção do de Giuliana, reforçando que esse mercado passou a incorporar a agenda ESG nas decisões e nas análises de risco.

Pilar socioambiental tem peso para mover trilhões de dólares no mundo
Segundo as especialistas, atualmente, há uma considerável sinergia entre essa valorização do ESG e a sustentabilidade corporativa, com muita visibilidade para práticas socioambientais.
Prova disso é a mensuração da Bloomberg – rede de televisão a cabo que transmite notícias econômicas 24h –, que aponta que o ESG já movimentou 38 trilhões de dólares no mundo e deve atrair mais de 50 trilhões de dólares em investimentos até 2025.
Em reportagem do correspondente da Folha de S. Paulo em Londres, Rogério Simões, dentre outros aspectos, o fator socioambiental é destaque. As citações de executivos no conteúdo sinalizam que a economia mudará radicalmente devido a compromissos em torno das mudanças climáticas.

Valores são base para uma cultura ESG
Giuliana frisa que o ESG passa por diversas questões, como diversidade e inclusão, ética, políticas salariais, entre outras. “No fundo, estamos falando de valores, de como as empresas são constituídas e como impactam a sociedade”, menciona.
Na visão de ambas as especialistas, as corporações precisam partir do racional de que não estão alheias às transformações que vivemos em inúmeros aspectos e a todo momento: mudanças climáticas, doenças, fome, desigualdade social, tensões políticas e econômicas etc.
“É muito ingênuo pensar que nada mudaria em relação às condutas das corporações, uma vez que elas fazem parte desse mundo em transformação, até porque, empresas são constituídas por pessoas”, diz Giuliana, que lembra que negócios não são apenas sobre vender produtos e serviços e convida as empresas a se examinarem: “Quais valores estou gerando para a sociedade?”.