Brasil é o segundo no ranking mundial com maior número de profissionais diagnosticados
Cansaço físico e mental, perda de interesse nas atividades, ansiedade e depressão. Esses são alguns dos sintomas da Síndrome de Burnout, também conhecida como Síndrome do Esgotamento Profissional. Neste Setembro Amarelo, mês dedicado à saúde psicoemocional, um dos convites é para que líderes estejam atentos aos profissionais de suas equipes, com foco na prevenção e na identificação precoce de sinais que representem riscos.
De acordo com pesquisa realizada em 2019 pela International Stress Management Association (Isma-BR), aproximadamente 32% dos brasileiros têm ou tiveram a síndrome.
Com o aumento do número de casos, em especial após a pandemia, este ano a Organização Mundial da Saúde (OMS) classificou a Síndrome de Burnout como doença ocupacional. Com este status, o transtorno foi oficializado como uma doença passível de tratamento.
Saiba quais são as principais características do Burnout
A médica psiquiatra e psicanalista Nicoli Abrão Fasanella, professora no departamento de Saúde Coletiva da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), explica que os sintomas de esgotamento aparecem aos poucos.
Além de sentir cansaço excessivo, dores musculares, enxaqueca e problemas gastrointestinais, os profissionais começam a trabalhar no chamado “piloto automático”. “As pessoas começam a perder satisfação em realizar atividades no dia a dia. Renunciam momentos de lazer, sono e alimentação para cumprir metas e obrigações na empresa”, alerta a psiquiatra.

O diagnóstico de Burnout, muitas vezes, ocorre após um colapso, que pode se dar, por exemplo, como desmaios, apagões, sintomas de infarto, convulsão, entre outros.
Entre os fatores que contribuem para desencadear a doença estão a falta de reconhecimento e problemas de relacionamento no trabalho. Portanto, a gestão de pessoas requer olhar atento ao comportamento dos colaboradores e, principalmente, diálogo aberto e transparente.

Hábitos simples na rotina servem como prevenção
A Síndrome de Burnout é o resultado de anos de negligência própria. Por isso, Nicoli explica que a melhor forma de prevenir a doença é garantir qualidade de vida na rotina.
“Precisamos de todas as atividades que nos protegem, em especial nos momentos mais estressantes, como fazer atividade física, dormir bem e ter tempo para se alimentar direito. Elas devem ser uma prioridade tanto quanto o trabalho”, diz.

Em caso de diagnóstico, acolher é primordial
Compreender e acolher o profissional diagnosticado com Síndrome de Burnout contribui e muito para sua recuperação. Pessoas com Burnout sofrem por causa dos variados sintomas que apresentam, por perderem a autoestima, mas, sobretudo, pela vergonha de ter adoecido.
Profissionais com Burnout costumam ser alvos de preconceito. Em muitas empresas são vistos como fracos, problemáticos e dramáticos. O que muitos gestores não sabem é que se demora anos para alguém ter a síndrome. E aqueles que a tem são, na maioria das vezes, dedicados, responsáveis e perfeccionistas.
Por isso, saber que a empresa o valoriza e estima fará com que o profissional com o Burnout se livre da culpa e da vergonha com mais facilidade. Além disso, dará tranquilidade para ele se recuperar, e ânimo para retornar à sua função. Vale lembrar que a empatia dos colegas também faz a diferença.
Quer saber mais sobre o Burnout? Aqui, algumas informações sobre o esgotamento profissional
De origem inglesa, a palavra Burnout pode ser traduzida como “queimar-se por completo”, fazendo referência àquilo que deixa de funcionar por falta de energia. O termo foi criado pelo psicanalista alemão Herbert Freudenberger (1926-1999) em 1974.
Nessa época, Freudenberger trabalhava 12 horas por dia e, à noite, chegava a atender até dez usuários de drogas por hora numa clínica para dependentes químicos. Vítima de esgotamento físico e mental, acabou adoecendo, ficando semanas de cama.
Depois disso, o psicanalista passou a realizar estudos com os funcionários e pacientes de sua clínica em Nova Iorque, nos Estados Unidos, avaliando comportamentos de estresse, agitação, ansiedade e exaustão.
“Antes, a síndrome estava enquadrada em problemas relacionados com a organização de seu modo de vida. Agora se tornou uma doença ocupacional, um grande avanço para a sociedade”, finaliza Nicoli.