Elisiani Rodrigues, gerente financeiro da Aurea Alimentos, Cátia Migliorini, supervisora de Crédito e Cobrança da Aurora, e Alcimere Noventa, consultora, compartilharam percepções sobre as últimas três décadas

Dedicado às pautas femininas sob diferentes perspectivas sociais, o mês de março também convida para um olhar sobre as mulheres no mercado de trabalho dos segmentos Financeiro, de Crédito e Cobrança.

Ao longo dos 50 anos de história da CISP, foi possível perceber a transformação da participação das mulheres nesses setores. Se no passado, entre os associados, elas eram presentes, majoritariamente, como apoio familiar dos homens que atuavam em Crédito e Cobrança nas indústrias – que já era um papel de importância –, no presente elas são 49,2% das representantes de empresas associadas.

Também é perceptível a forte presença do público feminino nos treinamentos da CISP, o que mostra um alto nível de dedicação das mulheres em formação profissional continuada e progressão de carreira em Crédito e Cobrança.

O olhar de quem ajudou a escrever essa história nas últimas três décadas…

Parte dos avanços para as mulheres no setor a partir dos anos 1990 foram vivenciados pelas associadas Elisiani Rodrigues, gerente financeiro da Áurea Alimentos, Cátia Migliorini, supervisora de Crédito e Cobrança da Aurora, e, também, pela consultora em Crédito e Cobrança Alcimere Noventa. Neste mês da mulher, este trio de ampla experiência no mercado compartilhou um pouco das vivências e percepções que somaram ao longo da construção de suas carreiras.

“Quebramos diversos tabus e paradigmas e já está mais que provado que somos capazes, competentes e extremamente profissionais”, diz Elisiani.

Cátia também enfatiza esse progresso: “Acredito que avançamos muito, embora em igualdade infelizmente ainda não. Mas estamos nos dirigindo no caminho certo.”

Alcimere conta que procurou se apegar aos aspectos positivos. “Segui firme com o planejamento de carreira e de vida que tracei.”

Carreiras consolidadas com formação, dedicação e muita força de vontade

Graduada em Administração e Contabilidade, com pós-graduação em Gestão de Marketing Empresarial e Didática do Ensino e muitos cursos de atualização e aperfeiçoamento, Elisiani começou sua jornada profissional ainda adolescente e, em pouco tempo, mostrou sua aptidão para a área financeira e o talento para posto de liderança.

“Sempre busquei conhecimento para chegar ao cargo, e procuro melhorar como profissional, líder e como pessoa”, comenta a Elisiani, que completou 28 anos de carreira.

Cátia, que se graduou em Ciências Contábeis e possui pós-graduação em Controladoria, Auditoria e Compliance, além de diversos cursos, celebra os 32 anos da trajetória profissional que construiu passando por empresas multinacionais e, também, grandes companhias do país.

“O maior desafio, na minha opinião, foi vencer o preconceito de gênero”, afirma a associada, que se diz realizada pela oportunidade de investir em capacitação profissional.

Bacharel em Economia com MBA em Finanças Corporativas, Alcimere soma no currículo atuações em grandes companhias de diferentes segmentos de mercado. Chegou a atuar em um projeto de implementação de política de crédito na Angola (África). “Depois de toda essa jornada, só posso dizer que nós, mulheres, podemos ser o que quisermos e devemos acreditar nisso.”

Mulher na liderança: inclusão ainda é desigual

A história profissional de Elisiani, Cátia e Alcimere foi um crescente até conquistarem cargos de gestão. Essa, porém, não é uma realidade frequente, o que mostra a desigualdade de oportunidades entre homens e mulheres.

Uma observação de Alcimere em sua atuação como consultora evidencia isso. Ela conta que, em seus cursos de capacitação, o público é predominantemente feminino, o que sinaliza um grande número de profissionais mulheres e, também, o interesse delas em aperfeiçoamento para a carreira.

“Dentre meus alunos, a maior parte é mulher. Porém, quando sou contatada para prestar consultoria em empresas, percebo que os gestores ligados a essa tomada de decisão são, em sua maioria, homens”, diz a profissional.

Se é um desafio chegar à liderança, outro desafio é ser minoria nesta posição. Elisiani comenta que, quando se tornou gerente, era a única mulher líder em um time todo masculino. “Foi um desafio que superei e incentivei outras mulheres a se candidatarem a cargos de liderança”, afirma a associada, que enfatiza atributos fundamentais da mulher para esses postos, como sensibilidade, característica multitarefas e olhar detalhista.

Cátia destaca a competência de mulheres que integram o quadro de diretores e grandes empresas – e em corporações multinacionais, inclusive. “São excelentes profissionais e muito bem-preparadas para a função. Isto me deixa feliz.”

Você sabia?

No que diz respeito à visão macro da questão de gênero em sociedade, existem diversos aspectos a serem revistos em prol da igualdade, o que, inclusive, é trazido como meta mundial no Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS) número 5 da Organização das Nações Unidas (ONU).

Alguns números da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad) de 2019 dão uma amostra do quanto é preciso avançar:

Diferença salarial: o rendimento das mulheres representa, em média, 77,7% do rendimento dos homens (R$ 1.985 frente a R$ 2.555);

Ocupação profissional das mães: 54,6% das mulheres de 25 a 49 anos vivendo com crianças de até três anos de idade tinham ocupação profissional, ao passo que, entre homens, esse nível atingiu 89,2%;

Ocupação profissional de mulheres, mães pretas ou pardas: esse nível de ocupação profissional caia ainda mais (49,7%), evidenciando o racismo estrutural;

Sobrecarga com trabalho doméstico: elas dedicaram 21,4 horas semanais, enquanto eles, apenas 11 horas.

Todas essas realidades precisam ser transformadas para um mundo mais justo e igualitário, em que mulheres possam seguir protagonizando histórias de sucesso.

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