Afinal, como uma boa gestão de crédito e cobrança pode garantir a saúde financeira nas empresas? Para o diretor-executivo da ABE, Roberto Grejo, profissionais da área de podem evitar grandes prejuízos
O ano de 2022 foi marcado pelo aumento da inadimplência em diversos segmentos da economia, conforme dados divulgados pelo SPC Brasil. O número de empresas devedoras cresceu 10,83% entre fevereiro do ano passado e fevereiro deste ano. Além disso, o mesmo indicador mostrou um aumento de inclusões de companhias com tempo de inadimplência de 91 dias a um ano (29,32%).
Diante deste cenário, a atuação dos profissionais de crédito e cobrança se torna ainda mais relevante. Além de diminuir o prejuízo da falta de pagamento na indústria e no comércio, os analistas também desempenham papel estratégico na recuperação da confiança e de empréstimos, beneficiando toda a economia.
“O cara mais importante na cadeia é o analista de crédito!”, ressaltou o diretor-executivo da Assessoria Brasileira de Empresas (ABE), Roberto Grejo, em palestra online ministrada aos associados da CISP.

Segundo ele, o primeiro ponto que deve ser compreendido pelos analistas é o Ciclo Econômico do Brasil*, composto por quatro protagonistas. O primeiro é o consumidor, que quando tem muitas pendências financeiras, não consegue comprar nada além do necessário. Consequentemente, o lojista, segundo protagonista, fica sem condições de pagar o distribuidor. Se o distribuidor não recebe, também não paga o fabricante, quarto protagonista. Quando este ciclo se fecha desta forma acontecem as demissões e a crise se amplia ou perpetua.
Crédito e Cobrança são imprescindíveis para as empresas e sociedade
De acordo com Grejo, há uma falta de dinheiro muito grande no mercado. “O analista de crédito tem que ser calculista e ter uma análise fria. A companhia depende de vocês para entrada de dinheiro!” Além de conhecerem bem os nichos em que atuam, Grejo afirma ser possível obter sucesso com a tomada de alguns cuidados:
Análise de crédito – Verifique se o tomador de crédito oferece algum risco para a sua empresa.
Análise de retrospectiva – Pesquise sempre o histórico do cliente.
Análise de tendência – faça uma projeção futura, avaliando o nível de endividamento suportável da empresa.
Capacidade creditícia – Qual a capacidade de bens e produtos o cliente poderá obter junto ao fornecedor? Isso é muito importante porque, às vezes, o cliente quer comprar de você além do que pode. E o resultado é a inadimplência.
Capital social – Busque o capital social da empresa e detalhes sobre os sócios.
Para o presidente da CISP, Adolfo Pildervasser, conhecer mais sobre os sócios das empresas pode evitar grandes problemas. “Colocar o nome dos sócios na internet ajuda muito, porque há pessoas que deram calote no passado, praticaram algum golpe na praça ou foram processadas. Hoje, elas podem ter voltado para o mercado em outro ramo, em outra empresa. Você pode não encontrar nada sobre a empresa, mas encontrar informações sobre os sócios pode refletir amanhã no crédito. É muito importante fazer esse levantamento para que todos os riscos sejam descartados”, enfatizou.
- Ficha cadastral – Deve-se pedir ao cliente para preencher um formulário com as seguintes informações:
- Número dos telefones dos bancos em que opera;
- Número de telefone dos cinco melhores clientes com quem trabalha;
- Número de telefone dos cinco melhores fornecedores;
- Se possível, cópia do Estatuto/Contrato Social.
“A ficha cadastral é um resumo da vida do cliente. Quando a empresa não entrega este documento, deve-se desconfiar”, alertou Grejo.
- Análise de idoneidade – Deve ser uma das primeiras informações a serem averiguadas. Mesmo que o cliente não possua informações negativas, deve continuar sendo analisado.
- Análise de relacionamento – São as informações extraídas do histórico de relacionamento do cliente com o credor e o mercado de crédito. Elas auxiliam na análise da idoneidade e podem garantir uma decisão mais favorável ou não à concessão de crédito. Conhecer o patrimônio dos clientes é fundamental no processo de análise de crédito.
- Análise financeira – Deve-se pedir o balanço patrimonial da empresa, ativo e passivo.
- Análise patrimonial – É utilizada para avaliar as garantias que os clientes podem oferecer para vincularem à concessão de crédito. Isso assegura a liquidação do crédito caso o tomador não pague suas dívidas. Hoje em dia, é um movimento menos usado, mas ainda é válido.
- Análise de sensibilidade – O analista de crédito irá monitorar a situação macroeconômica a fim de prever situações que poderão aumentar o nível de risco da operação.
- Espírito de equipe – Trocar informações com colegas de crédito e cobrança é essencial. A parceria com o time do Comercial também é importante para que estejam sempre na mesma sintonia, afinal, o propósito é o mesmo: ganhar.